Fasci... nante!


Há algo que me inquieta profundamente desde ontem. Uma realidade que desconhecia: o metrossexual nazi ou de tendência fascista. A meu ver, não há metrossexual que chegue aos pés de Patrick Bateman, de American Psycho. O metrossexual tem uma infindável colecção de cremes, cuida da sua aparência (vulgo é-pior-que-as-gajas), pode ser um yuppie Revlon bem apertado num fatinho Gucci ou o nosso amigo hetero que morre de ansiedade sempre que vê o fundo do frasco do creme anti-olheiras da Clinique. Há algum tempo, eu e uns amigos demos um grande contributo (pelo menos gosto de pensar assim) para esta área de estudos sociológicos ainda incipiente pois desenvolvemos o conceito de agrossexual, i. e., o metrossexual em ambiente rural que só veste capote alentejano de marca, usa cajado Balmain e se dedica à agricultura biológica porque é in. Ontem, o papelito que aqui vêem deixou-me inquieta porque me levou a descobrir um novo tipo de metrossexual: o nazi.


Para além de engrossar o caudal de bandas neo-folk, Von Tromstahl, a banda alemã que vêem na foto, fez-me perceber porque é que a palavra metrossexual se escreve com dois 'SS'. Que raio de sentido faz ser um metrossexual fascizóide? Mas... PORQUÊ? O culto do corpo, tantas reuniões clandestinas e entediantes visionamentos non-stop de filmes da Leni Riefenstahl fazem bocejar o fascizóide mais cioso e não é de admirar que, quais Narcisos, se apaixonem pela sua imagem reflectida na biqueira de aço da bota. É um passo até lançar um álbum cuja capa parece retirada de um catálogo Outono-Inverno da Gant e discutir se a semana da moda de Berlim é melhor que a de Munique. Estes senhores não se contentaram com as camisas brancas, as gravatas e os fatinhos para marcarem a diferença. Quiseram lemas e frases catchy... «Putting fashion into fascism»? Sim... vejam o myspace. Com os títulos «Dressed in Black» e «We Walk in Line» ficamos na dúvida: estão a falar da concorrida catwalk num desfile de moda ou de uma parada militar? E até têm algum sentido de humor como atesta «Fasci-nation», uma das suas músicas. E o que dizer desse grande álbum «Turn your Revolt into Style» e das fotos em que os membros da banda posam com os seus dálmatas? Tendo em conta o visual trendy, não duvido das várias críticas online. «A poética da banda alerta para a iminente morte cultural europeia que agoniza às mãos do neoliberalismo e do pessimismo económico.» Pois claro. Eu que pensava que era apenas a bainha das calças que os preocupava!
P.S: Espero ter batido o recorde de estrangeirismos numa entrada de blogue.

4 Responses so far.

  1. A descoberta não é minha. É da minha amiga A. Mas achei que justificava uma singela mensagem. :)

  2. Anónimo says:

    LOL, fartei-me de rir,.. especialmente com isto:

    É um passo até lançar um álbum cuja capa parece retirada de um catálogo Outono-Inverno da Gant e discutir se a semana da moda de Berlim é melhor que a de Munique.

    :D
    não podias ter dito melhor!

  3. Ana,
    Começo a temer pela vida. Parece que esta banda fashion vem cá dar um concerto. *glup* Atreve-te a traduzir isto para alemão e... sou uma mulher morta! Vou ser espezinhada por botas da tropa... mas com estilo.