Uma Breve História do Mundo com Camarões
Há dias em que mudam para sempre a nossa opinião sobre as secções de marisco congelado e fresco de grandes hipermercados e superfícies comerciais afins. Dias em que pequenos crustáceos saborosos, que só imaginávamos afogados em maionese ou a nadar em ondas de sumo de limão, saem da grande açorda do anonimato, fincam as patas num picle, qual jangada a jeito, e chegam à borda do prato. Daí até dominarem o mundo é um passo. Entretanto, na insidiosa tentativa de controlarem a opinião pública e caírem nas boas graças de muitos, prestam-se a pisar palcos.
Provavelmente sob ameaças de intoxicação, os holandeses Hotel Modern não tiveram outro remédio senão ceder à chantagem e tratar de fazer a peça Shrimp Tales. E ontem maléficos camarões invadiram o Teatro Maria Matos. E contaram episódios da história do seu mundo, estranhamente semelhante ao que conhecemos: de um holocausto nuclear a campos de concentração, de camarões-anjos a camarões tele-evangelistas que exorcizam camarões possuídos pelo Demo (grande remake de cenas do Exorcista, nas quais nem sequer faltou um pequeno camarão com a cabeça em rotação, esparramado em sopa de ervilha), ao amor entre crustáceos e restaurantes com camarões quéfrô, à humorada confusão entre o Big Ben e o Big Bang num parque temático Mini-World.
(Uma ameaça mundial? Não se deixem enganar pelo ar adorável dos pequenos camarões.)
(Antiques RoadShow, um êxito na comunidade crustácea.)
(Misto de concurso de olhares fixos e jogo de xadrez.)
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